Dia Mundial da Poesia

Poesia - Orgasmo

De silabas de letras de fonemas
se faz a escrita. Não se faz um verso.
Tem de correr no corpo dos poemas
o sangue das artérias do universo.
Cada palavra há-de ser um grito.
Um murmúrio um gemido uma erecção
que transporte do humano ao infinito
a dor o fogo a flor a vibração.
A poesia é de mel ou de cicuta?
Quando um poeta se interroga e escuta
ouve ternura luta espanto ou espasmo?
Ouve como quiser seja o que for
fazer poemas é escrever amor
a poesia o que tem de ser é orgasmo.

José Carlos Ary dos Santos

Ao Japão e ao Muralha de Aço

19 de Março, Dia do Pai. Não sou grande adepta deste dias estipulados para comemorar seja o que for, muito menos gosto quando se trata do dia do Pai ou da Mãe. Porque são cargos que se exercem todos os dias, ininterruptamente, e porque é nossa obrigação, enquanto filhos, mostrar--lhes todos os dias, por gestos, palavras ou apenas um olhar que eles são importantes no nosso percurso!
Mas, como não podia deixar de ser, cá fica um texto público com uma mensagem que digo frequentemente em privado: Obrigada, António Japão! O resto ele sabe-o e sente-o! A admiração, o respeito, o carinho, o amor, a ternura e tantos outros sentimentos de que nem sempre é fácil falar... Por este caminho palmilhado e, sobretudo, pelo que falta palmilhar deixo-te um grande e sentido abraço cheio de cumplicidades...
E não esqueço hoje, nem nunca, uma outra figura paterna que está, fisicamente, ausente: o meu avô Armindo. Deixou-me uma ferida aberta que dói, mas estou certa que estará em paz e a proteger-nos muito! Obrigada, Muralha de Aço!
Termino transcrevendo um soneto de António Sardinha, poeta do integrismo português. A selecção do poema tem dois motivos: por um lado, fala do "Pai"; por outro, o seu autor está a ser descoberto, ou redescoberto, pelo meu pai e por grande amigo!
FELIZ DIA DO PAI!!!


"Deus te abençoe-, que Deus te faça um santo!"
-meu Pai dizia. Assim eu digo após.
"Deus te abençoe!" A Deus as mãos levanto.
Foi Deus servido ouvir a minha voz!

"Deus te abençoe-, que Deus te faça um santo!"
- E o espírito sereno dos Avós,
oh, gesto em cruz, em ti venero e canto,
descendo tutelar sobre nós!

Filho que sou, p'la vez primeira agora
eu vou soltar a invocação de pai,
como chegou a mim p'los tempos fora.

"Deus te abençoe..."- Senhor Omnipotente,
que o voto que de mim agora sai
não tenha nunca fim na minha gente!

António Sardinha

Ronda pela imprensa

Devido a problemas de acesso ao "blogspot", ontem não consegui escrever o que me ia cá dentro... Actualizei as novidades, mas o sentimento é o mesmo de ontem!
Fazendo ontem a tradicional visita diária à Imprensa deste "piqueno rectângulo", deparo-me com algumas notícias curiosas e decidi seleccionar alguns dos títulos que mais me impressionaram (para não usar termo pior...)!
Acredito que nenhuma destas notícias traga consigo o selo da novidade mas quero deixá-las bem vincadas, para não me esquecer que elas existiram e fizeram história neste Mundo. Assim sendo, sem nenhum tipo de preferência, cá ficam elencados os acontecimentos de ontem e hoje, que fizeram (e fazem) parangonas nos jornais:

-Coreia do Norte admite aumentar arsenal nuclear;
-Augusto Pinochet tinha contas no BES na Flórida;
-Bush afirma que continua a apoiar a pena de morte;
-Crude atinge novos máximos históricos nos mercados asiáticos;
-Metade dos europeus contra a entrada de emigrantes;
-Santana regressa à Câmara de Lisboa;
-2 milhões de pobres em Portugal;
-Medicamentos não sujeitos a receita médica vendidos fora das farmácias;
- ...

O que é isto??? AAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!

"PAREM O MUNDO... QUE EU QUERO DESCER!!!!"

Um dia frio

Hoje, não me sentindo muito bem, decidi não escrever nada do que me vai tocando cá dentro... Melhores dias virão!

"Há duas formas para viver a vida: uma é acreditar que não existem milagres; outra é acreditar que todas as coisas são um milagre!"

Albert Einstein

Espero acreditar nisto... Mas hoje não! Hoje está um dia frio...

11-M

Juntos na dor e cúmplices de um sofrimento que não tem fim, porque íamos todos naqueles comboios...
BASTA!!!

Esta a minha mais sincera homenagem a todos os que nos abandonaram e aos que por eles choram!

Felinos, ou o obrigada devido!!!

Hoje, uma amiga avisou-me que o "livro" precisava de texto novo... E deparo-me, nesse momento, com uma enorme falta de inspiração! Mas tinha de agradecer o aviso e também a presença dela, sempre que preciso... Então, em jeito de agradecimento à pessoa que me alertou para a desactulização do "livro", deixo um trecho de um poema de Charles Baudelaire, sobre de gatos!
Obrigada por tudo, amiga!!


Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço;
Guarda essas garras devagar,
E nos teus belos olhos de ágata e aço
Deixa-me aos poucos mergulhar.
Quando meus dedos cobrem de carícias
Tua cabeça e o dócil torso,
E minha mão se embriaga nas delícias
De afagar-te o elétrico dorso,
Em sonho eu vejo. Seu olhar, profundo
Como o teu, amável felino,
Qual dardo dilacera e fere fundo,
E, dos pés à cabeça, um fino
sutil, um perfume que envenena
Envolvem-lhe a carne morena.

C. BAUDELAiRE

Caminhos

A vida é feita de escolhas! E, por imensas vezes, penso como estaria hoje se tivesse trilhado outro caminho em vez deste... Não me martirizo muito, mas fica sempre a eterna dúvida...
E é sempre assim, todos procuramos o nosso caminho na vida, e uma vez trilhado não pode ser repetido! Tudo o que caminhamos ficará marcado, como se ficasse atrás de nós um rasto de estrelas...
Hoje, acordei com esta sensação de querer rever o caminho que já percorri, mas pensando num poema que os meus pais gostam muito, tomei a decisão de não o fazer! Está feito, está caminhado e resta-me ver o brilhar das estrelas, resta-me agradecer o rasto por elas deixado, tendo sempre presente que o que falta caminhar é muito mais importante e será seguramente mais feliz!

Caminante

Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.

António Machado

A falta que me fazem...

Sou uma saudosista! Quem me conhece bem, sabe que vivo imenso do passado... Sabe que tenho muitas saudades de coisas, acontecimentos e, sobretudo, de pessoas! E hoje, à medida que se aproxima a despedida de uma amiga, tenho já inúmeras saudades! O meu pai diz, do alto da sua experiência, que temos os amigos de infância e adolescência, feitos de acordo com as amizades dos pais, feitos na escola, feitos de forma quase inconsciente; e que temos os amigos que fazemos na vida adulta, aqueles que nós escolhemos para partilhar uma história, escolha essa feita de forma consciente.
Eu mantenho hoje amigos do tempo do infantário, da escola, filhos de amigos dos meus pais; amigos verdadeiros e próximos (ainda que separados fisicamente) que estimo e de quem sinto falta.
E tenho amigos que fiz mais recentemente, nas faculdades, no trabalho ou em actividades sociais. Num processo de escolha mútua, tenho hoje amigos importantes que não quero perder por nada! Ainda que não estejamos juntos, ainda que nem sempre a vida nos permita ser tão presentes como desejaríamos...
Uma amiga feita recentemente, mas que eu sinto como se a conhecesse de sempre, está de partida para outro país, para encontrar a paz que não consegue ter neste, que não tem solução para alguns quadros (se é que o próprio país tem solução...)! E tenho já inúmeras saudades, agravadas pelo facto de notar que a sociedade não trata bem os bons! Acalma-me, no entanto, a forma aliviada com que ela ancara tudo isto. Sabe que vai para melhor, vai para a civilização (como ela tantas vezes diz)!
Aprendi com ela coisas fantásticas! Rimos imenso de tudo! Trocámos também alguns lamentos! E acima de tudo, alimentámos uma grande amizade! E é para ela hoje que escrevo, para lhe dizer que torço muito por ela, que sei que ela vai finalmente ser feliz! Eu cá fico, cheia de saudades, a pensar nos seus conselhos, e a ganhar a coragem que me falta para fazer o mesmo!
Vales muito, minha balancinha! E vais ser muito feliz!!!

2 poemas, sem motivo. Apenas porque sim!

Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

Coisa Amar

Contar-te longamente as coisas perigosas
do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente, longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre

No início era o verbo...

Decidi hoje criar um blog! Lia vários, de inúmeros temas e decidi aventurar-me. Não que tenha muito para dizer... Não tenho filhos, não me lembro se alguma vez plantei uma árvore, mas começo hoje a escrever um livro, ainda que electrónico!
Nele escreverei notas soltas, apontamentos e tudo (ou quase) que me ocorrer!
E hoje, no dia do seu nascimento, aproveito para fazer alguns agradecimentos: ao meu Pai, à minha Mãe, às minhas duas irmãs, à minha Avó, ao meu Avô (esteja ele onde estiver, sei que me protege muito), aos meus Tios, aos meus 4 Primos, aos meus Amigos (e eles sabem quem são) e aos meus Inimigos ( sim, também os tenho e ainda bem!). A todos eles OBRIGADA por fazerem parte dos bons e, sobretudo, dos maus momentos, por fazerem parte da minha história de vida! Todos os meus sucessos são vossos também e aproveito para vos dizer que dividirei convosco os fracassos, para tornar menos pesado o fardo...
É como se eu fosse uma árvore e vocês os ramos. Nas tardes calmas rimos bem alto; nos vendavais abanamos todos, mas não nos soltamos... Até porque não é qualquer vento que nos derruba e as árvores morrem de pé! "Winter, spring, summer or fall" juntos, cada vez mais juntos!
E este foi o primeiro tom de dentro que consegui mostrar...