tons de dentro

notas soltas ou músicas completas vindas de dentro de mim...

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Localização: entre Aveiro e o Porto, Portugal

sexta-feira, abril 22, 2005

Foi possível, através do sonho

Como, provavelmente, não conseguirei escrever um texto na segunda-feira, 25 de Abril, deixo já um texto alusivo à data!
Foi através da luta e da força de muitos que conseguimos chegar ao Portugal livre de hoje. A todos, Obrigada! Às gerações actuais e às vindouras, Força para remar este barco de liberdade!


LETRA PARA UM HINO

É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!

É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas

terça-feira, abril 19, 2005

Há quem escreva muito, muito bem...

" Se por um instante Deus se esquecesse que sou uma marioneta de trapos e me oferecesse um pouco mais de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os outros parassem, acordaria quando os outros dormissem.
Ouviria quando os outros falam e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate!
Se Deus me oferecesse um pouco mais de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o corpo, mas também a minha alma.
Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol.
Pintaria um sonho de Van Gogh sobre as estrelas, um poema de Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas.
Meu Deus... se eu tivesse um pouco mais de vida, não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto, que gosto delas.
Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar.
A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha.
Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...
Aprendi que todo o Mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta.
Aprendi que um homem só tem direito a olhar para outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que aprendi com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morto."

Gabriel García Marquez

quinta-feira, abril 07, 2005

Momentos de poesia...

Como já vem sendo habitual, nem sempre quero escrever algo de definitivamente original... E como tenho com as Letras uma relação próxima, julgo que vale a pena aproveitar este "livro" para dar a conhecer (ou apenas fazer relembrar) alguns dos poetas da Língua de Camões e António Ramos Rosa foi hoje escolhido.
Poeta nascido em Faro em 1924 (e ainda vivo, felizmente) é um nome importante das Letras portuguesas contemporâneas. Autor de variadíssimos livros, recebeu o Prémio Pessoa e já viu o seu nome apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura. O poema que escolhi foi escrito em 1974 e parece-me um bom começo para a descoberta do seu autor...


Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio

Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração


A. Ramos Rosa, A Mão de Água e a Mão de Fogo

terça-feira, abril 05, 2005

Ao Lolek, o grande Pescador

Estou há uns dias a tentar perceber que fenómeno é este que me entristece... O Mundo chora a morte do Chefe da Igreja Católica Apostólica Romana e chora também a morte de um grande Chefe de Estado, o maior dos diplomatas. (Confesso que também já chorei...)
De entre todas as edições especiais feitas para este acontecimento, destaco a do jornal "Expresso" e a da revista "Sábado" onde, entre episódios da vida de Karol Wojtyla, se dão umas "luzes" de Direito Canónico e se explicam os jogos de poder que atravessam o seio do Estado do Vaticano.
Contudo, e em jeito de última homenagem ao Papa Peregrino, deixo aqui transcrito um excerto de um poema polaco, escrito no século XIX por Slowacki, que serviu como profecia nas noites de Cracóvia, quando Karol Wojtyla ainda era o declamador de poemas, o estudioso das letras e do teatro eslavo e estava longe da vida religiosa.

"... Quando os perigos se acumulam,
Deus Todo-o-Poderoso puxa a corda de um grande sino
e oferece o seu trono a um novo Papa eslavo.
Agora que as nações se cobrem de canhões,
a sua única arma é o amor;
os sacramentos, a sua força:
o mundo na palma da sua mão."

O Papa eslavo foste tu! E mais do que aquilo que nos deixas na Igreja de Pedro, fica o ensinamento político de um ser superior, que aplicou na sua vida religiosa e política os princípios básicos do escalador de montanhas e do esquiador no gelo... Por todos os muros que ajudaste a derrubar, por todas as lições de paz e grandiosidade, OBRIGADA!
Descansa em paz, JOÃO PAULO II!

sexta-feira, abril 01, 2005

1 de Abril

E ao 11º dia, um novo texto surgiu...
Podia ter inventado qualquer coisa para escrever, uma vez que hoje é dia das mentiras. Mas atendendo ao estado das coisas neste rectângulo e no Mundo, não vale a pena fazer ninguém rir, porque o estado geral é de riso constante... Risota!!!
De facto, o silêncio deste blog pode ficar a dever-se às amêndoas e aos folares que foram por mim deglutidos e degustados na quadra pascal; ou então, à tradicional falta de inspiração que reina por estes lados... No entanto, aproxima-se o fim de semana e isso é, por si só, motivo para escrever qualquer coisa, do género: "Bom fim de semana para todos..." Muito original e imaginativo! (Depois que fui aspergida com água benta, nunca mais fui a mesma...)
Este blog segue, com textos em condições, dentro de momentos ou dias... Nunca se sabe!