tons de dentro

notas soltas ou músicas completas vindas de dentro de mim...

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Localização: entre Aveiro e o Porto, Portugal

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Tempo...

Recebi ontem uma notícia que me deixou abalada... Morreu o Marques, um primo afastado do lado paterno mas com quem tinha uma relação terna e de quem gostava muito.
A história não tem nada de mais, mas resolvi escrevê-la para exorcizar o que sinto! Sempre, para mim, a escrita funcionou como catarse...
Reencontrei o Marques em 2004, quando fiz o PASD na Católica em Lisboa e passei a ficar em casa da Natividade, sua filha, uma noite por semana, para me ser menos cansativo.
Foi uma experiência com um duplo significado: por um lado, ternura e afecto porque tinha perdido o meu avô uns meses antes e revi muito dele no Marques, seu primo; por outro, uma tristeza enorme, por sentir que aquele homem estava pleno das suas faculdades, lúcido e capaz, mas preso a uma cama porque o corpo já não respondia totalmente.
Dono de uma memória extraordinária, perguntava-me pelo resto da minha família (os primos, como dizia) pelo seu nome próprio. Criou-se entre nós uma empatia forte. Nas noites em que eu lá ficava, ele não adormecia até eu chegar e lá falávamos um bocadito... E tantas vezes cheguei tarde...
Tal como amanhã. Vou chegar tarde... Adiei tantas vezes esta ida a Lisboa para estar com ele e com a Natividade. O fim de semana era curto e o tempo não dava para tudo, mas amanhã tem de dar. Tantas vezes adiamos coisas na nossa vida que se transformam em momentos irrepetíveis! Irrepetíveis!!!
Não cumpri com a palavra de que o iria ver. E tantas vezes soube que ele perguntou por mim... Amanhã irei, mas chegarei tarde... E isso não me perdoarei! Ele sabe que o achava especial, mas não lho disse mais uma vez... E amanhã, como vou chegar tarde, já não me vai ouvir... Mas estarei lá, na Igreja de São João de Deus, na Praça de Londres, para prestar a homenagem que merece um primo que vinha a Salreu no seu carro de praça preto. Fica-me esta imagem como uma das mais engraçadas "fotografias" da minha infância!
Adeus, Primo, até sempre!!!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Teoria do Amor

Deixo, para o fim de semana, a parte final de um poema de Manuel Alegre - "Teoria do Amor" - que acho lindíssimo!

"(...)
E quanto mais te perco mais te encontro
morrendo e renascendo e sempre pronto
para em ti me encontrar e me perder."


Manuel Alegre, in Obra Poética, Dom Quixote, Lisboa, 1999