tons de dentro

notas soltas ou músicas completas vindas de dentro de mim...

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Localização: entre Aveiro e o Porto, Portugal

quinta-feira, maio 05, 2005

60 anos depois...

Foi há 60 anos que acabou!
Contudo, temos o dever de não esquecer as terríveis consequências da demência do Nacional-socialismo, não apenas em termos do equilíbrio geo-político e estratégico mas, sobretudo, em termos humanos. Aliás, o que deve estar sempre presente é a Humanidade, ou melhor, a ausência dela, que leva um ser humano (Adolf Hitler era humano, sim! E parece-me impossível...) a provocar mais de 52 milhões de mortes em nome da vingança de uma humilhação imposta pelo tratado de Versailles, em nome de um expansionismo que revitalizaria o orgulho debilitado, em nome de uma superioridade genética, em nome de tantas insanidades...
Custa a crer, mas tudo isto existiu! E a História ainda segue o seu curso, ainda tenta analisar hoje as marcas deixadas pelo conflito, e são muitas as marcas presentes nas Relações Internacionais actuais. E nós, os que olhamos o conflito com esta distância, e não temos especial interesse nas alterações causadas na política internacional, temos de perceber as marcas sociais e humanas deixadas neste povo, que pode ser de Abrãao, de David, de Alá, de Cristo ou de Darwin e temos o dever de dizer que não queremos este massacre, esta loucura NUNCA MAIS!!!
E porque a literatura tem o dom de fazer perpetuar todos os nossos sentimentos, deixo dois extractos de dois livros que aconselho vivamente. A mensagem é dura mas real, de uma vivência que nunca experimentámos, mas que devemos ter presente para sermos diferentes e melhores, para deixarmos uma melhor Humanidade aos nossos filhos...

"O primeiro dia da escola. A saca às costas, caminhei ao lado da minha mãe, cheia de curiosidade e de receios. O sr. Brand, o professor, distribuía sorrisos animadores aos meninos, que o fitavam com desconfiança. A barba grisalha e o colarinho engomado davam-lhe um ar de austeridade, mas os olhos alegres protestavam contra tal impressão. Começou por nos falar, e doseava serenidade com humor para afugentar os nossos medos. De todas as escolas por que passei, a de que verdadeiramente gostei foi a escola primária. Quando o sr. Brand tomou nota do meu nome ninguém se virou para mim com sorrizinhos por soar a judaico, ninguém achou estranho eu responder «Israelita» à pergunta do sr. Brand à minha religião."


Ilse losa, O Mundo em vivi

"Fizeram-nos ver bem que somos «mergulhados», judeus enclausurados, presos num sitio, sem direitos, mas carregados de milhares de deveres. Nós, judeus, não devemos deixar-nos arrastar pelos sentimentos, temos de ser corajosos e fortes e aceitar o nosso destino sem queixas, temos de cumprir tudo quanto possível e ter confiança em Deus. Há-de chegar o dia em que esta guerra medonha acabará, há-de chegar o dia em que também nós voltaremos a ser gente como os outros e não apenas judeus.(...)O que sei é que a coragem e a alegria são os factores mais importantes na vida!"

Anne Frank, Diário de Anne Frank

P.S- À Lúcia, uma amiga que adoro, o meu Muito Obrigada!!! Beijos grandes, muito grandes cheios de carinho e força!